segunda-feira, 9 de julho de 2012

Novamente os readaptados


Por William Pereira da Silva
Professor
wilpersil2003@yahoo.com.br

Alguém tem de ser o culpado. A explicação agora para a educação não funcionar são os readaptados, viraram os grandes vilões da história. Os números indicam que existe um número enorme de professores fora de sala de aula, acarretando a falta de professores em várias disciplinas. Num jornal da cidade a manchete é "READAPTADOS TRAVAM A EDUCAÇÃO", afirmação esta com a qual não concordo nem um pouco, pois trata de um direito nosso e que temos de ir ao médico, ser consultados, diagnosticados e passar por uma junta médica para podermos ser readaptado, porém se existem readaptados sem o amparo legal da lei, essas pessoas não podem ser consideradas READAPTADAS, e sim, com desvio de função, e se estão irregulares, que sejam colocados no seu devido lugar. Agora afirmar e querer que os READAPTADOS supram as necessidades da falta de professores, isso é um absurdo. Quem está readaptado é porque precisa, é amparado por lei.

A readaptação, de acordo com o Regimento Jurídico Único dos Servidores do Estado e das Autarquias e Fundações Públicas Estaduais, Lei complementar nº 122, de 30 de junho de 1994, Título II, Capítulo I, Seção IV, Art 24, é a investidura do servidor, ocupante de cargo efetivo em outro cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, verificada em inspeção  de saúde.

§ 1º. Se julgado incapaz para o serviço público o readaptando é aposentado.
§ 2º. A readaptação efetiva-se em cargo de atribuições afins, respeitadas a habilitação exigida.

Estou readaptado desde o ano passado, diagnosticado com o CID F31 + F32 (TAB), o que me impossibilita de atuar com sala de aula, as causas que me levaram a este quadro foram acontecimentos indesejáveis, desde o desrespeito dos alunos, ter sofrido agressão verbal e física, até ameaças de morte, além de ter vivido o pavor de invasões de marginais aterrorizando toda a escola. 
Com 29 anos na rede estadual nunca vi tantos desmandos e insegurança  ameaçando os professores. Vivi momentos de angústia e decepções, os quais me levaram a traumas profundos e não tem como eu voltar a uma sala de aula. Caso aconteça poderá ocorrer uma tragédia comigo ou com um aluno, pois não suporto mais ser humilhado nem menosprezado por pessoas sem a mínima condição de frequentar uma escola, marginais de alta periculosidade infiltrados no meio educacional. Nos dias de hoje algumas escolas só funcionam com a presença da polícia militar a sua porta.

Volto a alertar que em vários Estados, através de sindicatos e Ministério Público, existem projetos de lei que visam a proteger os direitos dos funcionários readaptados, inclusive teve casos de professores que entraram com um mandato de segurança para manter seus direitos preservados. 

"O servidor readaptado, principalmente o professor, não é alguém que possa ou deva ser descartado do sistema e prejudicado em seus direitos, já que, na maioria das vezes, seus problemas de saúde começam com a atividade profissional que ele desenvolve nas escolas", salienta Giannazi, justificando que o exercício do magistério é árduo e difícil e vem tendo suas condições de trabalho pioradas em razão do descaso das sucessivas administrações que não tiveram competência de fiscalizar como também  forçar professor a atuar em salas superlotadas com indisciplina e insegurança muitas vezes presente.

Caso não haja uma mudança no quadro atual, o Governo vai ter de se acostumar com a avalanche de readaptações de professores transtornados, neuróticos e debilitados de uma função mal remunerada e problemática ocasionada por uma realidade criada pelos próprios governantes que agora querem colocar os READAPTADOS na cruz.

Fonte: Gazeta do Oeste

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