sexta-feira, 16 de março de 2012

Morre o geógrafo Aziz Ab'Saber aos 87 anos

O pesquisador era um dos maiores estudiosos do meio ambiente e dos impactos ambientais causados pelo homem


O geógrafo e professor universitário Aziz Nacib Ab'Saber morreu na nesta sexta-feira, aos 87 anos, de infarte. Um dos geógrafos mais importantes do Brasil, Aziz Ab'Saber era professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e autor de mais de 300 trabalhos acadêmicos. Era também presidente de Honra, ex-presidente e conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Ab'Saber nasceu no dia 24 de outubro de 1984 em São Luís do Paraitinga, filho de um mascate libanês e uma brasileira. Mudou-se para São Paulo para cursar Geografia e História na USP. Na universidade, começou trabalhando como jardineiro, enquanto continuava seus estudos. Mais tarde, trabalhou como professor do ensino básico antes de se dedicar ao ensino superior. Deu aulas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e na USP.
O geógrafo defendia um papel ativo dos cientistas, em uma ciência colocada a serviço de movimentos sociais. Foi consultor ambiental do Partido dos Trabalhadores (PT) e tornou-se próximo de Lula, antes de se decepcionar com a política ambiental de seu governo, que chamou de "a maior frustração na história do movimento ambientalista brasileiro". Também era um crítico ferrenho do alarmismo em torno do aquecimento global. Segundo ele, a influência do homem no fenômeno ainda não é suficientemente conhecida e as previsões dos impactos se baseiam em pressupostos equivocados.
Um texto publicado na página do SBPC diz que um dia antes de morrer o professor, "disposto como sempre, fez sua última visita à SBPC, em São Paulo. Em um gesto de despedida, mesmo involuntariamente, ele entregou na tarde de ontem à secretaria da SBPC sua obra consolidada, de 1946 a 2010, em um DVD, para ser entregue a amigos, colegas da Universidade e ao maior número de pessoas".
O geógrafo ganhou diversos prêmios, como o Prêmio Jabuti em ciências humanas (1997 e 2005), e em ciências exatas (2007); o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia (1999), concedido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia; a Medalha de Grão-Cruz em Ciências da Terra pela Academia Brasileira de Ciências; e o Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente (2001).
Ab'Saber continua ativo, mesmo com a avançada idade. Aposentado, ele publicava livros e era um crítico de políticas envolvendo questões ambientais. Criticou o texto do novo Código Florestal por não considerar o zoneamento físico e ecológico de todo o País, "como a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos, o cerrado brasileiro, os planaltos de araucárias, as pradarias mistas do Rio Grande do Sul, conhecidas como os pampas gaúchos, e o Pantanal mato-grossense", segundo o texto da SBPC. O professor chegou a defender a criação do Código da Biodiversidade para contemplar a preservação das espécies animais e vegetais. 
Fonte: Revista Época

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