domingo, 28 de agosto de 2011

Um poeta que luta com as palavras


Sentado numa cadeira, olhando a rua e o movimento dos carros, o poeta pede um chá. Não toma café. Parece um velho hábito dele. A bolsa, cheia de cordéis e alguns materiais que vende, é colocada ao lado. Juntamente com ela, um pequeno bloco de anotação. José Ribamar retira, antes, o livro que será lançado no próximo dia 1º de setembro, às 20h, na AABB: Espelho de Carne e Osso. Este é o seu terceiro trabalho. Teve apoio de amigos que gostam do que ele escreve. “Sinto-me feliz por isso. Feliz demais”, fala, com voz humilde. 
Quando a xícara de chá é colocada sobre a mesa, ouve-se um “muito obrigado” tímido. Cabeça baixa, inicia a conversa. O livro surgiu há alguns anos, mas só ficou pronto recentemente. “Desde 2010 tudo estava terminado. Havia somente a velha barreira do apoio para a publicação, mas isso foi superado graças aos amigos que gostam de poesia. Neste meu novo trabalho, o leitor poderá encontrar poemas e também canções que elaborei”, declara o poeta.Seus primeiros escritos estão agrupados em dois livros: Meia-Dúzia de Cordéis e Brinquedos do Pensamento, ambos trazem poemas, cordéis e outros estilos que José Ribamar cultiva, seguindo a rima e a métrica, regras básicas para a elaboração de um bom soneto, por exemplo. “Além disso, o poeta precisa de uma boa dose de inspiração, claro”, salienta. 
Sentado, ainda de pernas cruzadas, ele acrescenta que a vida de poeta é algo muito bom. Apesar dos pesares. “Não temos patrões”, brinca, enquanto toma um pouco de chá. “O poeta é como o pássaro que voa, livremente, pelo ar. Ele não presta contas de seu trabalho, não bate cartão de ponto. O poeta sente o que a maioria não sente. Nós passamos certos apertos, comum a qualquer pessoa, mas o fim do trabalho compensa tudo”, fala, frisando que vive, atualmente, da literatura, da cantoria e outros trabalhos. “Sempre sou convidado para uma cantoria, recebo também encomendas para elaboração de cordéis, além de negociar minhas próprias produções, CDs e livros diversos (de versos também, claro)”, brinca com o trocadilho.
Na bolsa do poeta há alguns deles. São cordéis variados, de temas que vão desde a natureza até um cientista famoso. As obras se diferenciam, mas possuem uma coisa em comum, são cordéis elaborados com qualidade, como atestam alguns amigos próximos ao escritor.
O homem simples, de olhar desconfiado, costuma escrever em qualquer lugar, desde que seja “pego pela inspiração”. “Às vezes acontece que ela – a inspiração – foge completamente. O trabalho emperra. Tenho que abandoná-lo por um momento. Logo depois, quando sinto que a inspiração está chegando, volto ao material e o concluo. Acredito nisso para a construção de uma boa obra poética”, acrescenta.

Fonte: Gazeta do Oeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário