domingo, 12 de setembro de 2010

Juventude em guerra




  

 QUANDO NOSSOS JOVENS DESPERTARAO  PARA A PRESERVACAO DA VIDA?
Imagens de brigas entre facções no centro da cidade chocam a sociedade Foto
O Diário de Natal inicia uma série de reportagens sobre as gangues juvenis que atraem centenas de adolescentes e assustam a cidade com um estilo de vida nada saudável. Já na edição deste sábado, o DN mostrou mais um caso que chocou a sociedade - o assassinato de um membro de torcida organizada por componentes de uma facção rival. A primeira matéria da série mostra como os grupos se travestem de torcidas para promover baderna e praticar crimes.
Francisco Francerle // franciscofrancerle.rn@dabr.com.br

Cerca de 200 facções de torcidas organizadas atuam em escolas e bairros de todas as regiões de Natal, demarcando áreas como se fossem donos, utilizando simbologias e pichações para fincar presença, além de fazer uso da força física e de armas caseiras para prevalecer a supremacia das organizadas. Nessa batalha pelo poder fora dos campos de futebol, os adolescentes têm sido usados não apenas para se digladiarem numa demonstração de "força e coragem", mas sobretudo para levar drogas até o ambiente escolar e periferias, numa prática que seria estimulada por traficantes com influência em organizadas até de outros estados do país. Há fortes indícios de que as organizadas de outras regiões do Brasil, que são famosas em promover violência e arruaças dentro e fora dos estádios, já estariam irmanadas com grupos de Natal.
As informações são de um ex-membro que falou à reportagem do Diário de Natal. As novas informações relatam o poder de influência e de crescimento das organizadas sobre as facções criadas nas escolas de Natal, como uma estratégia de expansão do "amor a um clube de futebol", tendo as drogas como verdadeiro pano de fundo e canal de estímulo à violência que se tem verificado dentro e fora dos estádios e escolas da cidade. Esta semana, mais um caso chocou a cidade. O jovem Arthur Fellype da Fonseca, 20 anos, foi assassinado por membros de uma torcida rival em um bar da Zona Sul. O suspeito de dar fuga aos assassinos é Juan Felipe, 25, filho da vereadora Sargento Regina.

Segundo o entrevistado, que não quis se identificar, as torcidas migraram dos estádios para as diversas regiões da cidade e utilizam as escolas como quartel-general e os alunos como fiéis escudeiros. "As brigas entre as gangues não têm limites porque as drogas têm uma função fundamental nesse contexto: impor coragem não deixando lugar para o temor dos conselhos aprendidos com os pais e professores, nem o medo do poder repressivo da polícia", diz ele, relatando que as facções são uma espécie de organização que faz uso de planejamento, simbologias e várias formas de comunicação.

"Cada TO (torcida organizada) tem seu líder que organiza as viagens e concentração para os jogos. Por outro lado tem que controlar o seu bairro, marcando presença nas praças, escolas e festas populares". A ordem é demarcar espaços e brigar por territórios mesmo que para isso, como se fazia na época das conquistas e colonizações, tenha que travar uma guerra urbana. A supremacia é identificada pela marca ou símbolo que se vê nas pichações espalhadas em cada área urbana. Quanto mais alta for a marca, mais demonstração de poder. Os símbolos são os mais diversos, a grande maioria estimula a violência, o uso de drogas e à força.

> materia extraida do Diario de Natal

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