É de Cascudo que temos a definição mais própria sobre a importância do folclore: "Uma cultura popular milenária e contemporânea. É de todas as épocas e do momento. É a manifestação mais espontânea e, ao mesmo tempo, mais definidora de um povo".
Saci, Cuca, Caipora - não precisa ser especialista em Monteiro Lobato nem telespectador assíduo de programas infantis para reconhecer esses nomes. Isso porque, a despeito do valor literário ou da capacidade do grande escritor brasileiro, essas personagens formaram-se por um processo criativo bem mais complexo e misterioso. Envolvem a imaginação e a raiz da cultura de um povo. As três célebres figuras citadas fazem parte de um modo de compreensão do mundo chamado: folclore.
Hoje é comemorado o Dia do Folclore Brasileiro. A data foi criada em 1965, por meio de um decreto federal. Segundo a Carta do Folclore Brasileiro, aprovada pelo I Congresso Brasileiro de Folclore em 1951, "constituem fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular, ou pela imitação".
Trocando em miúdos, o folclore é o modo místico que um povo tem para compreender o mundo em que vive. Conhecendo as lendas antigas e urbanas de um país, podemos compreender o seu povo e sua História. Mas para que um costume seja realmente considerado folclórico, dizem os especialistas, é preciso que ele seja praticado por um grande número de pessoas e que também tenha origem anônima.
Deve-se lembrar que o folclore não é um conhecimento cristalizado, embora se enraíze em tradições que podem ter grande antiguidade. Ele se transforma no contato entre culturas distintas, nas migrações, e por intermédio dos meios de comunicação em que se inclui recentemente a internet.
Atualmente o folclorismo está bem estabelecido e é reconhecido como uma ciência, a ponto de transformar seu objeto de estudo - a cultura popular - em instrumento de educação nas escolas. É também um bem protegido genericamente pela Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, à Ciência e à Cultura. Muitos países, especialmente os de tradição mais antiga como os da Europa e da Ásia, inseriram seus elementos do folclore em itens de bens de patrimônio histórico e artístico a serem protegidos e fomentados.
> Materia extraida do Jornal O Mossoroense
No Brasil, o maior nome no assunto é do Rio Grande do Norte: Câmara Cascudo. O conjunto da obra do escritor natalense é considerável em quantidade e qualidade: ele escreveu 31 livros e 9 plaquetas sobre o folclore brasileiro, em um total de 8.533 páginas. Ninguém no Brasil, nem antes nem depois dele, realizou obra tão vasta com reconhecimento nacional e estrangeiro. É também notável que tenha obtido reconhecimento nacional e internacional publicando e vivendo distante dos centros Rio e São Paulo.
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