sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uern discute autonomia financeira e busca unir categorias em prol do objetivo


O processo em busca da autonomia financeira da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) tem caminhado com debates a respeito dos benefícios que a mudança traria para a instituição, que hoje depende de orçamento aprovado anualmente pelo Governo do Estado. Uma dessas discussões ocorreu ontem pela manhã, ocasião em que o reitor Pedro Fernandes recebeu o reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Rangel Júnior, para ouvir a experiência de autonomia financeira daquela instituição de ensino superior.
Rangel Júnior acredita que a experiência da UEPB mostra que talvez a autonomia seja o único caminho para consolidar as universidades estaduais e livrá-las de contingenciamentos. “O maior problema enfrentado pelas universidades é que nos estados cada governo quer moldar a universidade ao seu modelo de gestão. Isso é ruim porque a grande marca de uma instituição de ensino superior é a autonomia financeira, que é um meio para as outras autonomias que ficam seriamente prejudicadas”, declarou.
Ele explicou que, com a autonomia financeira, a universidade estadual fica com mais responsabilidades, mas não se torna um ente à parte do Estado. “O diferencial com a autonomia financeira é que a universidade não pode se comparar com uma secretaria de governo porque tem uma complexidade própria. A ideia que nós defendemos sempre é que a universidade não se constitua num Estado dentro do Estado. O que queremos é mais responsabilidade ainda”, frisou.
Entre as mudanças práticas, o reitor Rangel Júnior explicou que a UEPB deu um salto em termos de crescimento após se tornar financeiramente autônoma há quase 11 anos. A universidade saiu de 11 mil estudantes para 19 mil. “Tínhamos quatro campus e hoje temos oito, dobramos de tamanho. Expandimos em tudo. Em seis anos, atraímos mais recursos externos do que em todos os anos anteriores”, destacou.
Outro ponto positivo da experiência paraibana e ressaltado pelo reitor foi o fim das greves. “Com a autonomia financeira houve uma extinção das greves. Com essa mudança o reitor passou a ter a responsabilidade de negociar com os sindicatos. As greves só voltaram a acontecer quando o governo mexeu na autonomia financeira”, declarou.
Ele aconselhou que a Uern se torne politicamente unida para ter forças de conquistar a autonomia financeira. “Todo o processo foi resultado de negociação política que faz parte de tudo em nossa vida. A nossa experiência mostra isso. Foi um grande processo de unidade política com a ajuda de DCE, do sindicato dos docentes, dos servidores, bancadas federal e estadual. Foi feito um trabalho muito amplo nesse sentido. O único caminho é uma grande aliança política com todos os setores. É preciso ter uma trégua”, acrescentou.
O reitor da Uern, professor Pedro Fernandes, ouviu atento o relato do colega e ressaltou que os debates já estão ocorrendo e citou, inclusive, que a Associação dos Docentes da Uern (ADUERN) já está formulando um documento que contem o projeto da autonomia e que este será apresentado em breve para a comunidade acadêmica. “Estamos buscando a união de todas as esferas da Uern e levantando debates. Queremos unir cada vez mais a comunidade acadêmica até concluirmos o projeto e leva-lo ao governador e também promover discussões no meio legislativo para que o plano seja aprovado”, disse.
Pedro Fernandes explicou que com a autonomia financeira será mais fácil planejar as ações da Universidade. “A gente não gozar de uma autonomia financeira é não saber o que eu vou pagar amanhã. Nós temos um valor e não há regularidade nos repasses. Não termos essa condição de saber o que a gente pode fazer de novo em curto, médio e longo prazo. Isso impede um planejamento mais ousado”, analisou.
Após encontro entre os reitores, eles se reuniram com os integrantes do Conselho Comunitário (CONSUNI) e Rangel também apresentou a sua experiência aos participantes.
Créditos: Gazeta do Oeste

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