sexta-feira, 27 de abril de 2012

O ensino de língua portuguesa na escola

Para ajudar o professor na discussão sobre sua prática, o Escola traz a partir de hoje reportagens sobre o ensino das disciplinas do currículo, com dicas de como ensinar a matéria e orientações dos professores sobre o tema. A primeira reportagem é sobre língua portuguesa, considerada por muitos um "bicho-papão", por causa das diversas regras existentes.
É comum o professor ouvir o aluno dizer: "português é muito chato! Ter que aprender um monte de regras!". 
E é verdade. São regras e mais regras que, quando ensinadas separadas do texto, acabam criando uma confusão na cabeça do aluno. Os alunos criticam as regras e a maneira como o português é ensinado. É gramática pura.
E as notas no fim de cada bimestre correspondem à aversão que o aluno tem da disciplina. 
Os professores, por sua vez, reclamam que os estudantes não sabem português, no caso, gramática, não leem, não compreendem os textos.
Nessa guerra, ninguém vence enquanto não compreender o verdadeiro objetivo da língua portuguesa, que é o de ler e produzir textos de qualidade, utilizando as regras aprendidas durante os anos de estudo. Claro, dentro do texto, naturalmente, já que hoje se utiliza uma gramática contextualizada. Não se trabalha o texto isolado. Assim como não se utiliza a gramática separada do texto.
Para o professor de português Edinaldo Calixto, do Centro de Educação Integrada Professor Eliseu Viana (CEIPEV), o aluno tem dificuldade de aprender a língua. "A dificuldade do aluno para utilizar o português corretamente está na falta de leitura e no mundo virtual, onde não existem regras e nem preocupação com a linguagem", explica o professor.


Professor afirma que alunos não leem

Não são poucos os alunos que, muitas vezes, distraidamente, utilizam em seus textos expressões do mundo virtual, como D+, vc, tb, entre outras. E todas essas palavras estão nas redações escolares, produzidas pelos estudantes.
Se o professor ensina língua portuguesa na perspectiva de trabalhar apenas a gramática, pode dificultar a aprendizagem do estudante, que precisa aprender regras sem que haja uma finalidade para elas. 
Para que aprender aposto, vocativo, orações subordinadas e coordenadas? A resposta está no texto, ou melhor, no uso desses termos dentro do texto, que os liga a outros e assim forma um todo. Não frases soltas, isoladas, mas interligadas a outros termos, que passam a fazer sentido.
O professor Edson Pereira, da Escola Estadual Professor Abel Freire Coelho, reclama também da falta de leitura dos alunos. "Eles não leem. Leem na internet e só. Não leem poesia, contos... Os que fazem isso se saem melhor. Existe uma metodologia para ensinar", diz.
A metodologia à qual o professor se refere é o ensino de gêneros textuais na escola, que pode ser feito a partir do ensino de uma sequência didática. 
Sequência didática são passos que o professor pode utilizar para trabalhar com textos. (ver Box)


Cada professor tem sua metodologia de trabalho

Cada professor tem sua metodologia. Como não existe receita para ensinar língua portuguesa de forma que o estudante aprenda rapidamente, os docentes vão desenvolvendo atividades para facilitar o ensino da disciplina.

Sequência didática
1.    Apresentação da proposta 
2.    Partir do conhecimento prévio dos alunos 
3.    Contato inicial com o gênero textual em estudo 
4.    Produção do texto inicial 
5.    Ampliação do repertório sobre o gênero em estudo, por meio de leituras e análise de textos do gênero
6.    Organização e sistematização do conhecimento sobre o gênero: estudo detalhado de sua situação de produção e circulação; estudo de elementos próprios da composição do gênero e de características da linguagem nele utilizada.
7.    Produção coletiva 
8.    Produção individual 
9.    Revisão e reescrita


“Eu trabalho com incentivo à leitura, a prática da gramática, com pesquisas e textualidade, além de trabalhar o contexto e utilizar a informática para pesquisas de texto.
Algumas vezes faço pesquisa de campo com eles também, procurando faixas, anúncios escritos de forma errada para que eles possam consertar.
Edinaldo Calixto


“Eu explico inferência, intertextualidade, faço leitura oral de diversos tipos de texto sobre o mesmo tema.
Isso tanto ajuda na leitura como na compreensão, e a gramática vem atrelada a esses textos.
O aluno tem que saber diferenciar a linguagem formal da informal, por isso utilizo também tirinhas, piadas, história em quadrinhos
Edson Pereira



Fonte: Gazeta do Oeste

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