terça-feira, 9 de agosto de 2011

Estado não garante acompanhamento a aluno do Ceja


O Centro Educacional de Jovens e Adultos (CEJA) Alfredo Simonetti, a maior escola estadual em Mossoró em termos de alunos matriculados, conforme informou o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE), Rômulo Arnaud, enfrenta diariamente problemas relacionados ao déficit de professores e falta de livros.
De acordo com a diretora do CEJA, Socorro Barbosa, são cerca de dois mil alunos matriculados no supletivo, divididos em turmas que vão desde os anos iniciais do ensino fundamental até o ensino médio.
Os alunos também se dividem nas diferentes modalidades de ensino oferecidas. Além das turmas fixas presenciais, o CEJA, segundo explica a diretora, conta, com subnúcleo na Penitenciária Agrícola Mario Negócio e ainda com subnúcleos em duas outras escolas do Estado.
Outra modalidade de ensino é a que estipula a divisão por blocos. A diretora explica que cada bloco é formado por disciplinas diferenciadas. Através do método, 50% do conteúdo é ministrado dentro da sala, onde a aulas são ministradas três vezes por semana. Os outros 50% são registrados de acordo com atividades recomendadas pelo professor.
Uma forma encontrada para que os alunos possam concluir os estudos é através da Comissão Permanente de Exames.
Segundo essa metodologia, o aluno que, por algum motivo, seja aprovado em concurso ou mudança de cidade, por exemplo, precisar concluir os estudos mais rapidamente devem proceder do seguinte modo: primeiro é feita a inscrição, no ato, ele recebe o conteúdo que deve estudar e algumas dicas de bibliografia. Quando se sentir preparado, independentemente do tempo decorrido desde a inscrição, ele procura a escola para marcar a prova.
A metodologia é válida tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino médio e pode ser realizada ainda para concluir desde uma simples disciplina até todo o ensino médio ou fundamental. Desse modo, o Estado não garante nenhum acompanhamento do aluno.
Ele nem ao menos pode contar com o apoio material da escola, pois a maior parte dos livros existentes na biblioteca do CEJA são paradidáticos. “A nossa biblioteca não disponibiliza muitos livros”, menciona Socorro Barbosa.
Com exceção do exame de Português, que conta com uma questão discursiva – redação – todas as outras provas são dotadas apenas de questões objetivas. Além de todas as “facilidades”, se o aluno não for aprovado, ele ainda pode solicitar a realização de uma nova prova trinta dias depois de fazer a primeira.
De acordo com a diretora, não são todos os alunos que passam pela Comissão Permanente de Exames. “São casos, realmente, bem específicos”, afirma.
Apesar disso, no ano passado, só no ensino fundamental 407 alunos se inscreveram junto a Comissão Permanente de Exames. Desses, apenas 74 concluíram, o que representa 18,2% dos inscritos. 
Já no ensino médio, em 2010, 1.094 alunos optaram pela conclusão através da Comissão Permanente de Exames, mas apenas 303 concluíram, o que equivale a uma incidência de 27,7%. Alguns dos aprovados integram a rede de alunos de instituições como o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), o que leva a crer que um percentual dos que passam no exame conseguiu o feito graças ao suporte proporcionado por outras instituições de ensino.
Este ano, de janeiro a março, já havia 234 alunos matriculados para concluir o ensino fundamental e 412 para tentar finalizar o ensino médio.
Para o coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (SINTE/RN), Rômulo Arnaud: “Isso é mais complexo ainda. É uma forma de remediar”. Para ele, a metodologia é uma forma encontrada para aumentar os índices referentes ao grau de escolaridade das pessoas. “Isso é apenas para mascarar o fracasso da educação”.
 
LIVROS
A falta de livros também é um problema no CEJA. No ano passado a escola fez a escolha dos livros que serão utilizados este ano pelo ensino fundamental. O ano letivo começou em fevereiro, mas os livros só chegaram em maio.
“Quando os livros chegaram havia iniciado a greve”, conta a diretora. Dessa forma, não houve como fazer a distribuição e somente agora, no fim do mês de julho, os estudantes terão acesso ao material, e não há garantia de que todos serão contemplados. “Não posso afirmar que seja suficiente, mas acredito que não vai faltar muito”, confirma Socorro Barbosa.
Já os estudantes do ensino médio não dispõem de livros. A diretora explica que este ano foi feita, pela primeira vez, a escolha dos autores para que no ano que vem a escola possa ser contemplada.
“O CEJA é que não tinha tido ainda oportunidade de escolher livro para o ensino médio”, comenta a diretora. Enquanto isso, a DIRED doou os livros excedentes da diretoria. Como não havia material para todos, foi feito um levantamento entre os alunos do terceiro ciclo, que equivale ao terceiro ano do ensino médio, os únicos que serão contemplados.
As estudantes do terceiro período, ou terceiro ano do ensino médio, Luana Aline Andrade de Oliveira e Amanda Lima relatam a dificuldade de livros. Elas contam que foram à biblioteca da escola pegar emprestado um livro de Física, mas só havia um exemplar, e vários estudantes solicitando o empréstimo. Ninguém pôde levá-lo. 
Amanda também reclama quanto aos livros de Geografia e História adotados, ela os considera ultrapassados. “É por esses livros que a gente vai estudar”, diz ela. A aluna conta que possui dois exemplares de Biologia, mas só teve acesso aos livros porque não os devolveu na escola onde estudava. “A gente faz o possível para tentar, para conseguir livros para estudar, mas é difícil”, concluem.

Fonte: Gazeta do Oeste

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