sábado, 12 de agosto de 2017

Pais falam sobre desafios de educar filhos na ausência das companheiras

Aprender a conviver com a morte da esposa, vítima de câncer de pele, tornou mais próxima a relação do auxiliar de serviços gerais do cemitério Morada da Paz, Cláudio Luiz Silva, 30 anos, com os filhos Miguel Naaman, cinco anos, e Mikaeli Naara, oito anos. Após a perda precoce da mãe em 2015, as crianças passaram a ficar sob os cuidados do pai, que se desdobra para suprir a ausência materna. Preparar o café da manhã, organizar o uniforme e levá-los para o colégio são algumas das muitas responsabilidades diárias.
Cláudio Luiz Silva, 30 anos, com os filhos Miguel Naaman, cinco anos, e Mikaeli Naara, oito anos (Foto: Cedida)
Cláudio Luiz Silva, 30 anos, com os filhos Miguel Naaman, cinco anos, e Mikaeli Naara, oito anos (Foto: Cedida)
“A correria é grande, mas a gente dá conta. Se eu disser que é fácil, estarei mentindo. Confesso que tem momentos que entro em desespero, mas no fim tudo se resolve. Afinal, meus filhos são as pessoas mais importantes da minha vida. Se antes éramos próximos, hoje em dia somos muito mais”, diz Cláudio, que sonha com um futuro promissor para os garotos.
“Pães”. É assim que são chamados os pais que cuidam dos filhos na ausência da companheira, ou vice e versa. Em estudo sobre desigualdade de gênero e raça, divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), a porcentagem de homens brasileiros que criam os filhos sozinhos é de 28%.
O assistente administrativo José Ubaldo Cadó, 57 anos, não imaginava passar o Dia dos Pais sem a esposa, que faleceu de câncer no duodeno há quatro meses. “É um sentimento muito triste. Nunca pensei em ser pai solteiro e cuidar do meu filho sem a mãe por perto”, desabafa.
José Ubaldo é pai de Mateus Silva, 20 anos (Foto: Cedida)
José Ubaldo é pai de Mateus Silva, 20 anos (Foto: Cedida)
Ubaldo é pai de Mateus Silva, 20 anos. O jovem era muito apegado à mãe e tem sofrido bastante com a perda. Neste momento de dor, o companheirismo do genitor tem sido fundamental para fortalecer a relação de ambos. “Ser pai e mãe tem sido uma tarefa difícil, ainda mais agora que ele começou na faculdade, pois precisarei orientar e continuar a instruí-lo no caminho do bem. Mas a nossa parceria vai nos ajudar a superar a tristeza, pois a vida continua. E sempre quando a saudade aperta, buscamos na fotografia o desejo de estarmos os três perto um do outro”, emociona-se.
De acordo com a psicóloga do Luto, Mariana Simonetti, em situações de ausência da mãe, o pai precisa se fazer ainda mais presente na vida do filho. “A mãe é vista pela sociedade como a principal figura de cuidado no seio familiar. Quando há o seu óbito, é interessante que o pai reassuma a função e que não delegue a responsabilidade para outras pessoas. Nestes momentos, a única coisa que o filho deseja é se sentir amparado pelos mais próximos“, explica. “Também é importante não evitar falar sobre saudade e tristeza, porque esses sentimentos fazem parte da vida, independente da mãe estar viva ou não“, complementa a especialista.
Osailson Costa de Abreu, 38 anos, não é viúvo, mas é quem cuida do filho Dhyuare Cauã, 13 anos (Foto: Cedida)
Osailson Costa de Abreu, 38 anos, não é viúvo, mas é quem cuida do filho Dhyuare Cauã, 13 anos (Foto: Cedida)
Diferente de Cláudio Luiz Filho e José Ubaldo Cadó, o atendente funerário Osailson Costa de Abreu, 38 anos, não é viúvo, mas é quem cuida do filho Dhyuare Cauã, 13 anos. O adolescente mora com o pai desde os cinco anos. O maior desafio na educação, segundo Osailson, está no dia a dia.
“Nós, que somos pais, sempre queremos o melhor para as nossas crianças. E viver em um mundo cada vez mais veloz me faz sentir uma pontinha de medo. Mas, se depender de mim, Cauã continuará sendo meu maior orgulho e, eu, continuarei me desdobrando no cuidado, na atenção e no amor que ele merece. Com certeza no domingo de Dia dos Pais não faltará presente, abraço e muito carinho”, garante.

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